da assessoria de imprensa da Prefeitura de Jundiaí
O crescimento das cidades provoca o risco de apagar completamente a memória com a destruição da paisagem, mas o uso de ferramentas de turismo (considerado um dos ramos mais importantes da economia mundial) pode valorizar esse patrimônio, inclusive para os próprios moradores e para as novas gerações. Esse foi o tema do debate no auditório da Biblioteca Municipal na última sexta-feira (6).
“Foi sem dúvida um dos grandes momentos do projeto, ligando aspectos da educação patrimonial, da importância dos moradores e da valorização da cidade”, afirmou a secretária de Planejamento e Meio Ambiente, Daniela da Camara Sutti.
A diretora de Turismo, Marcela Moro, também destacou a importância do tema para a comunidade. “Temos buscado esse mesmo objetivo com as iniciativas adotadas nos copos e temas do festival gastronômico Sabores de Jundiaí ou com o resgate da identidade da Festa da Uva, por exemplo. Mas podemos ainda avançar muito mais”, comentou.
Também a assessora da Coordenadoria do Idoso, Sônia Menin, ressaltou a relação entre a valorização da memória coletiva e o papel dos moradores mais antigos com a soma das memórias individuais e familiares. “Esse tema é relevante no aspecto mais humano possível”, destacou.
O diretor de Patrimônio, Donizete Pinto, também esteve presente e apontou o tema como reforço para o atual debate em torno do legado histórico que ocorre na cidade.
A historiadora Mirza Pellicciotta esclareceu que a ligação entre esforços do patrimônio e do turismo é uma construção mais lenta do que parece à primeira vista. “Uma cidade acaba tendo muitas camadas no tempo e no espaço. Nosso programa em Campinas foi implantado ao longo de muitos anos, inspirado pelo prefeito Toninho Santos. E foram muitas andanças e articulações para entender essas camadas desde que a cidade era apenas um pouso para viajantes do bairro rural de Mato Grosso de Jundiahy”, afirmou.
Locais
Uma das partes do processo, a sinalização histórica, pode envolver desde grandes painéis em lugares estratégicos como praças (indicando fotos de várias épocas, valor coletivo, pontos de interesse próximos ou até distantes no caso de instituições que mudaram de lugar), ruas (indicando nomes atuais e antigos das mesmas) ou imóveis específicos (com placas externas). Mas tudo dentro de uma linguagem integrada.
“Quando propusemos o primeiro mapa turístico cultural, com um mapa apontando o centro histórico ampliado, houve objeções até que todos viram que as atrações ganhavam vida nessa visão conjunta. Havia, como em todo lugar, a noção de que não era uma cidade turística. Mas a sensação de pertencimento é o primeiro efeito para os moradores”, explicou Mirza Pellicciotta, que também falou sobre a criação de roteiros históricos, inclusive temáticos, como de saúde, de educação, de indústria ou de grupos étnicos e outros.
Para Toninho Sarasá, coordenador de implementação do projeto Ponta Torta, o debate atingiu grande parte dos objetivos. Ele frisou a exposição de casos, como da casa do zelador do Parque da Luz, em São Paulo, que envolveu órgãos federais, estaduais e municipais do patrimônio (como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Iphan; o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, Condephaat; e o Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo, DPH) para a criação de uma cultura de conservação cotidiana, como o uso de cal ou a limpeza, que evita os periódicos investimentos gigantescos sem restauração.
“A zeladoria é examente isso, o zelo, e isso somente ocorre com um entendimento social do valor do patrimônio coletivo e o conhecimento de técnicas para cada material e tipo de construção, além da história em si. E o turismo pode proporcionar ampliar o retorno disso, como já vemos em muitas cidades e países”, comentou.
Nova palestra
Nesta sexta-feira (13), vai ser realizado o encerramento do ciclo de palestras do projeto, também na Biblioteca, com o próprio restaurador Toninho Sarasá e com o especialista Victor Hugo Mori, do Iphan. O tema vai ser exatamente a monumentalidade da Ponte Torta com sua iluminação, atribuição de valores e perpetuação pelo envolvimento da comunidade, a partir das 14h.
O projeto ainda deve ter outras atividades externas para a comunidade e a própria reta final do trabalho artesanal que está sendo feito com todos os seus 50 mil tijolos.