Um dos mais tradicionais símbolos da cultura afro, o trançado de cabelo é destaque neste mês de junho em Jundiaí. A cidade sedia, pela segunda vez, o “Trançando Arte Brasil”. O evento, marcado para o próximo dia 8 (domingo), será um grande encontro nacional de trançadeiras. A atração principal é a cantora Margareth Menezes. A entrada é de graça.
O evento será realizado no Parque Comendador Antônio Carbonari, o Parque da Uva, a partir das 13h. A expectativa é reunir cerca de 200 profissionais de todo o Brasil, especialmente da Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pará e de todo o Estado de São Paulo.
“Esta ação foi criada com objetivo de reunir os profissionais da trança para trocar experiências e também para dar visibilidade a esta cultura milenar”, destaca o coordenador da Igualdade Racial de Jundiaí, Vanderlei Victorino.
Às 9h será aberto um simpósio para os profissionais da trança e interessados. Com o tema “O protagonismo através do autoestilismo, da modelagem 3D e da modelagem capilar na criação da identidade, consumo e manipulação da aparência entre os negros brasileiros”, a palestra será ministrada por Jaergenton de Souza Corrêa, mestrando em História Social pela PUC-SP.
“A trança é uma linguagem que sobreviveu à escravidão e carrega muito da cultura negra. Apresentaremos aos profissionais da trança que eles são formadores de opinião e que atuam não só dentro do salão, mas também contribuem com a sociedade de forma a propagar essa cultura”, explica Jaergenton.
Resistência “A trança tem toda uma simbologia para o povo africano. Na época dos grandes impérios, ela identificava o nível hierárquico do reinado”, explica o coordenador. “Quando os negros vieram para o Brasil, as tranças passaram a ser uma forma de defesa, para que os negros não fossem capturados. Elas eram rasteiras e finas”, completa.
Segundo Vanderlei Victorino, até hoje, em qualquer parte do mundo, é possível identificar a região da pessoa pelo tipo da trança. A forma de fazer o trançado no cabelo é diferente em cada Estado do Brasil.
São povos que vieram de diferentes regiões da África para o Brasil e mantêm sua cultura. “Isso demonstra a resistência da cultura afro no mundo. E não se ensina na escola. É passado de geração para geração.”
A organização do evento é da Prefeitura de Jundiaí, por meio da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Promoção de Igualdade Racial. Conta com apoio do Circulo Palmarino, Salão Função Black, Feconezu (Festival Comunitário Negro Zumbi), entre outros.
Confira a programação completa:
9h – Simpósio 13h – Atividades culturais 13h – Dança Afro 14h – Banda Let’s Groove e Crazy in Crist 15h30 – Coral Afro Thulany 16h20 – Grupo Wu Clan Negril 17h10 – Banda Mika Soul 17h30 – Desfile de Tranças Afro 19h30 – Show da Margareth Menezes
Luiza Ronchi Foto: Arquivo