Um balanço fechado pela Secretaria de Saúde na sexta-feira (23) aponta que o número de casos autóctones (com doença contraída de mosquitos na própria cidade) de dengue é de 54 pacientes. Já o número total de casos, que inclui os “importados” por moradores em viagem a outras cidades (57), atinge 243 pessoas. Desse total, os restantes 132 casos seguem em investigação epidemiológica de origem da doença.
“A importância do número de casos autóctones é a contaminação na própria cidade pela transmissão com o mosquito Aedes aegypti”, explica o secretário de Saúde, Gerson Vilhena Pereira Filho.
Esse foco na transmissão local também é o indicador para chamar a atenção da população nos esforços de prevenção, com ações contra acúmulo de água parada em reciclados, pratinhos de vasos de plantas e outros lugares de reprodução das larvas do mosquito, único vetor de transmissão da doença.
Existem ainda outras 308 notificações de suspeita de dengue, obrigatórias na rede pública e privada, que aguardam resultado de exames que demoram, em média, 30 dias no Instituto Adolfo Lutz. Mas vale destacar que os resultados de falsos sintomas estão representando 60% do total neste ano até o momento.
De acordo com o diretor de Vigilância em Saúde, José Trad Neto, a cidade tem se destacado pelo trabalho permanente liderado na rede de saúde por setores como o controle de zoonoses e a vigilância epidemiológica.
Os sintomas de suspeita da dengue são: febre, usualmente entre 2 e 7 dias, e apresente duas ou mais das seguintes manifestações: náuseas, vômitos, exantema (erupção na pele), mialgias (dores musculares), artralgia (dor de articulações), cefaleia (dor de cabeça), dor retroorbital (olhos), petéquias (pontos vermelhos) ou prova do laço positiva e leucopenia (glóbulos brancos). A maioria surge de forma semelhante aos sintomas da gripe, mas evolui de forma mais aguda.
Ameaça Uma pesquisa coordenada pelo professor de microbiologia Paolo Zanotto, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, aponta que a região macropolitana de São Paulo (considerada entre Jundiaí e Guarujá) já conta com a circulação dos quatro sorotipos do vírus da dengue em um quadro definido como “hiperendemicidade” da doença no Estado.
O trabalho, que vai ganhar uma nova etapa de acordo com a Universidade de São Paulo, envolveu parcerias com a Prefeitura de Jundiaí e a Faculdade de Medicina de Jundiaí com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp).
Um dos maiores riscos da circulação comprovada dos quatro sorotipos do vírus, além dos efeitos de mais de um deles na mesma pessoa, é o chamado “efeito Ásia” (local de origem do vírus e do mosquito) onde a imunidade de pessoas mais velhas podem levar a manifestação da doença para faixas etárias mais jovens.
José Arnaldo de Oliveira Foto: Paulo Grégio