A 'Casinha Pequenina' continua viva na memória

26/1/2012 - Jundiaí - SP

da assessoria de imprensa da prefeitura de Jundiaí

Em sua casa no Jardim Rio Branco, Liberata de Paula lembra os tempos de “Casinha Pequenina”. Tempos em que Chico, vivido pelo ator Amácio Mazzaropi, tentava proteger os escravos de um feitor malvado, justamente o vilão da história. O filme se passa no século 19, mas foi filmado nos anos 1960, em Jundiaí.

E lá estava Liberata, então com 25 anos. Atriz jundiaiense, ela teve uma baita oportunidade: trabalhar, ainda que como figurante, em um filme do ator mais popular do Brasil naquela época. “Mazzaropi era uma pessoa simples, do povo, também muito divertida”, ela recorda, hoje no alto de seus 74 anos e com a mesma memória daquela jovem de 25, que na época já tinha filhos e mostrava grande talento.

“Casinha Pequenina” foi feito em pontos diferentes de Jundiaí. Entre eles, a Fazenda Ermida – que conservava características do século passado, ainda no período da escravatura – e também no Centro. Foi ali que Mazzaropi, como lembra Liberata, atraia uma multidão curiosa. Nestes dias, Jundiaí ficou em festa, o que só seria superado depois, quando finalmente o filme passou em cinemas daqui. A felicidade dos jundiaienses, ao verem a cidade na tela, foi grande. Liberata ocupava uma das poltronas na noite de estreia, é claro.

“Mazzaropi andava muito bem vestido e, quando ia filmar, se trocava, colocava roupas simples e se tornava o Jéca”, lembra ela, em um misto de felicidade e nostalgia. A produção do filme saiu em busca de afrodescendentes quando veio para Jundiaí, já que o longa-metragem se passa na época da escravidão e apresenta os negros em posição de destaque na história.

Uma lembrança marcou Liberata: uma cena forte, na qual um homem branco daria algumas chibatadas em um escravo. Um senhor de Jundiaí, já envelhecido, foi escalado para ser a vítima. Mas na última hora ele desistiu. O motivo, segundo Liberata, deve-se ao fato de o mesmo velho homem ter visto a escravidão de perto, quando ainda era jovem. “Então veio outro ator, de fora, para fazer o papel.”

Liberata diz que chegou a receber um convite de Mazzaropi para tentar carreira de atriz no Rio de Janeiro, o que também foi oferecido a uma amiga. Devido aos filhos e à família em Jundiaí, ela recusou. No entanto, não parou de atuar, atividade paralela aos vários empregos que teve na vida: empregada doméstica, funcionária de empresas, dona de floricultura. Os palcos sempre estiveram próximos. Fez peças em igrejas e em grupos variados, além de se apresentar em outras cidades.

Hoje, em sua casa, estão documentos dessas peças, cartazes, fotos e antigas páginas de jornal. É ali que ela também guarda um cartaz antigo de “Casinha Pequenina”, que ganhou de presente. Em uma caixa de sapatos surge uma surpresa: o VHS do filme, com a imagem de Mazzaropi estampada na capa. Infelizmente, Liberata não pode ver a fita em casa, pois não tem videocassete. Mas isso não tem atrapalhado as lembranças daquela época, do Jéca e de suas brincadeiras: estão guardadas na memória.

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