Autor: Thales Kroth de Souza
O Mundo Se Transforma E A Humanidade Personaliza
23/1/2024 - Jundiaí - SP
Em um mundo cada vez mais globalizado, cosmopolita e conectado, se recebíamos notícias após um período razoável de tempo e ficávamos consternados, hoje, em pleno 2024, temos notícias quase que em tempo real e participação indireta em três conflitos graças à tecnologia: Guerra na Ucrânia, Conflito Israelo-Palestino e Conflito no Iêmen. Isso fora às ameaças em Xangai/Hong Kong, guerra fria entras as Coreias, as problemáticas de imigrações ilegais na fronteira dos EUA, Itália, Grécia, Espanha e Reino Unido, etc.
Quem apreciava apenas um lançamento musical a 5 anos atrás, hoje não contenta-se se não houver lançamento digital, vídeo, fotos exclusivas, bastidores, entrevistas, acompanhamento da crítica... Ufa! Uma sequência onde a régua para com a falta do bom senso perde-se em meio à personalização do usuário.
E mesmo que uma compra seja calculada no supermercado e a questão resolvida em poucos segundos, o senso de acompanhamento abre brecha para a postagem, captura de som e imagem, contato com o PROCON, acionamento de advogado e consequentemente judicial, facilidade de acionar um defensor público e até órgãos internacionais, por simplesmente alguns dígitos.
Essa seria também uma revolução industrial 5.0?
Recordemos:
1.0 - máquinas a vapor;
2.0 - energia elétrica;
3.0 - computador;
4.0 - big data e servidores de armazenamento de dados; e
5.0 - sistemas inteligentes como a inteligência artificial.
E isso sem o prejuízo de cada vez mais personalizar o gosto, o som, a voz, um relacionamento, pessoas, fragmentar experiências, criar alusões e ilusões de um mundo paralelo totalmente compreensível para o indivíduo que cria, mas a perda nítida do bom senso enquanto pessoa que falha, erra, peca, atrapalha-se.
Ficou feio errar? Afinal, não é justamente isso que torna a humanidade tão incrível em seu aspecto de poder criar opções e esperança onde tudo poderia estar perdido? Essas reflexões só fazem sentido se eu tive um dia bom ou ruim? Bem, dificilmente a opinião alheia conseguirár entender, mas deveria saber que nem tudo são flores, e é justamente isso que deveria ocorrer: sem medo de errar, sem medo de assumir a responsabilidade, sem medo de morrer.
Hoje, pesquisas biotecnológicas já tentam questionar a duração da vida humana e prometem algo muito a frente de nossas capacidades de se adaptar. E isso volta na concatenação de uma ideia representada pelo filme "In Time" (O Preço do Amanhã), onde a cena inicial é justamente de um indivíduo que, apesar de rico e riqueza é representada pelo tempo e não dinheiro, entendia que já havia vivido o suficiente, mesmo com mais de 100 anos.
Sempre disse que 83 anos é a minha idade suficiente para eu alcançar todos os meus objetivos (bem, não todos), mas aproveitar o suficiente. Essa prova de tempo e espaço, dinheiro e gosto recoloca e recalibra como o ser humano, mesmo que tão diferente de Eratóstenes de Cirene para entender a circunferência da Terra, ou com Aristóteles colocando a Terra no centro do universo. Se bem que hoje, vejo que nós estamos no centro do universo e somos egoístas para nem supor que outras espécies poderiam estar no centro.
Nem o entendimento da razoabilidade para respeitar credos diferentes como essas guerras mostram-nos a um clique, nem o epílogo que a compreensão de tudo tem limite, até mesmo para nossos quereres e personalizações. Eis a humanidade distanciando-se do verbo, mas a pondo de rasgá-lo, e isso nem João, o Evangelista poderia decifrar em uma alusão clara que de que o passado e o presente é apenas um reflexo que deixamos de aprender com o tempo e com a curva do destino.
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