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Wagner Pontes

Autor: Wagner Pontes

Mulheres ainda são minoria trabalhando em transportadoras

14/12/2022 - Jundiaí - SP

O posicionamento das empresas em discussões voltadas à contratação feminina no mundo corporativo diz muito sobre reavaliação no quadro de cargos que vem sendo aplicada com o passar dos anos. 

O transporte rodoviário de cargas (TRC) transparece bem a realidade, visto que é uma área socialmente encarada para o público masculino e com poucas mulheres que se enquadram nos números representados dentro das empresas do segmento, principalmente na função de motoristas. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o TRC conta com cerca de 2,2 milhões de profissionais no Brasil, apenas 17% mulheres. 

Alguns fatores influenciam esse baixo índice, segundo Gislaine Zorzin, diretora administrativa da Zorzin Logística:

“Para alcançarmos a equidade de gênero, é necessário investir em políticas com foco em trazer mulheres para as empresas, incentivar mais mulheres a ingressarem na área, tirar a CNH com a as habilitações necessárias e apostar na qualificação dessas colaboradoras”. 

Ela ainda ressalta a importância de oferecer ambientes que proporcionem acolhimento ao público feminino:

“É necessário que todos realizem um trabalho de conscientização, com embarcadores e clientes para receber e oferecer a essas mulheres sanitários adequados, locais para fazerem suas refeições e salas de descanso ambientadas, por exemplo”. 

A infraestrutura das rodovias e das estradas também é um dos itens que entram na lista de justificativas para que o número de motoristas mulheres seja baixo, já que esses problemas culminam na facilidade relacionadas ao roubo de cargas. De acordo com a pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) no início deste ano com empresas do transporte e logística, 62,5% informaram que seus veículos já foram alvo de roubos de carga, aumentando a insegurança das motoristas com a profissão. 

“As estradas sem alicerce e os pontos de parada muitas vezes inadequados causam insegurança e, por consequência, desinteresse. No entanto, acredito que o principal motivo para que as mulheres ainda não ocupem o número equivalente aos cargos de motoristas nas transportadoras se deve primeiramente à falta da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) profissional, considerada obrigatória para o cargo”. 

Com a conservação do estereótipo masculino para os cargos de motoristas no transporte de cargas, as empresas começaram a investir em projetos que tragam mulheres no volante para suas equipes.

“Temos a ambição de aumentar bastante nosso quadro de motoristas mulheres até o final do ano e, principalmente, no ano que vem. Queremos receber muitas mulheres, e para isso estamos fazendo também um trabalho junto ao SEST SENAT e à Mercedes-Benz para buscarmos currículos de mulheres disponíveis que já são habilitadas, mas também queremos dar qualificação e investimento para a carreira das que não possuem certa experiência na área”.

“Com as empresas voltando o olhar para a contratação de mulheres para assumirem os volantes de suas transportadoras, creio que só temos a ganhar. Bato na tecla de que a equidade de gênero traz a diversidade de ideias e perfis diferentes, e isso é bom para o crescimento de qualquer empresa. Por isso, o investimento em políticas internas eficientes, na qualificação e nas oportunidades é primordial de modo que mostre essa visão de que elas também fazem esse trabalho e que tenham essa determinação”, finaliza.  

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