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Edson Carlos de Sena

Autor: Edson Carlos de Sena

Quando a cultura se torna empecilho para um desenvolvimento mental sadio?

1/6/2022 - Jundiaí - SP

Sigmund Freud, fundador da psicanálise, foi um teórico que deu ênfase ao posicionamento de que a cultura civilizada é fonte também de males para o ser humano. Para Freud, o homem é vítima da dinâmica social. Ele foi um grande opositor à religião.

Certamente que Freud viveu um contexto em que estavam em foco os males psíquicos que atingiam o homem e a mulher de seu tempo. A histeria era o grande mal que atingia principalmente as mulheres no momento histórico em que Freud viveu. E muitos dos conteúdos da loucura estavam ligados à religião.

Mas o importante nesta reflexão é compreendermos que a cultura traz consigo seus benefícios e seus males. Mesmo o que pode ser apreciado pela maioria das pessoas pode ser fonte também de males, pois cada pessoa é única e tem uma maneira peculiar de lidar com as coisas, ou seja, queremos dizer que aquilo que culturalmente temos como uma coisa boa pode não ser boa para algumas ou muitas pessoas.

A disciplina em exagero, por exemplo, pode tornar a vida de uma pessoa não equilibrada psicologicamente falando. Não se trata da pessoa não ser disciplinada, mas se trata que neuroses podem surgir justamente por causa desse exagero na disciplina. Como também uma pessoa que viveu uma formação muito exigente pode se tornar uma pessoa avessa à disciplina.

O equilíbrio psíquico de um indivíduo pode ser afetado pelas exigências sociais, principalmente nas primeiras fases da vida. Muitas pessoas, na infância, tiveram e ainda podem ter dificuldade com a dinâmica social, que é muito exigente.

A cultura, em muitos de seus aspectos, pode vir a ser a grande opositora a uma vida mental sadia. É necessário repensar a dinâmica social e avaliar as condições dos indivíduos para vivê-la. E preciso repensar o conceito de inclusão. Pois incluir é respeitar a singularidade dos sujeitos e não moldá-los ao que culturalmente é apreciado, sem, entretanto, ouvi-los e interpretá-los.

Mas é necessário saber que mesmo com as adaptações feitas às singularidades dos sujeitos ainda assim a vida em sociedade pode ser um desafio insuperável para alguns indivíduos, tornando-os doentes ou levando-os a serem marginalizados.

Mas, falando de um modo geral, temos que sermos mais tolerantes com as pessoas e respeitar suas singularidades e não deixar que nossa visão ou nossos valores culturais as deixem doentes, isso quando possível. Temos que colocar a vida do ser humano acima da cultura, pois a cultura deve ou deveria facilitar a vida e não torná-la um fardo insuportável.

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