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Anderson Zanchin

Autor: Anderson Zanchin

IMEDIATISMO NAS RELAÇÕES AFETIVAS

7/1/2013 - Jundiaí - SP

É impressão minha ou a nossa geração esta vivendo uma onda de imediatismo avassalador?

As pessoas já não têm mais paciência para nada. Nem mesmo esperar um lanche no fast-food. Parece que hoje temos mais tecnologia, mais recursos, carro, e até facilidades de se viajar, e o tempo parece cada vez mais curto - e as pessoas, claro, cada vez mais apressadas.

Hoje as pessoas não esperam mais um relacionamento acontecer. Elas querem conhecer na internet, teclar num dia, no outro tem o primeiro encontro, muitas vezes com sexo, e ai o que sobra?

Ai começa aquele jogo – um não liga mais no celular do outro, os torpedos diminuem, demora a responder no facebook, as curtidas nas fotos param... e etc..etc..etc...

A verdade é que isso acontece por conta deste imediatismo. Hoje não é mais a qualidade da relação que esta em jogo, mas sim a quantidade de pessoas com as quais você se relacionou.

Sinto que cada vez mais nos espelhamos em relações baseadas nos filmes de comédia romântica. Lá eles se esbarram, se conhecem por acaso, ali eles trocam telefones, ou algum contato, logo estão tendo seus encontros regados a muito romantismo, muitos passeios caros e em meia hora de filme eles estão na cama.

Gente...gente..gente... Onde  foi parar aquele frio na barriga de antigamente? Onde foram parar aqueles e-mails imensos? Trocas de sms, longas conversas no celular? Aquele encontro no fim de semana para bater papo, olhar nos olhos e sentir se rola ou não a química?

A espera pelo beijo era muito mais emocionante, era  lutada, desejada e esperada. Não vinha simplesmente um beijo, vinha com ele um sentimento, uma história, verdades,  confidencias trocadas, afago de antigas magoas e com total certeza, eles vinham com o mínimo de sentimento.

Não estou dizendo que os relacionamentos do passado são os certos, nem tão pouco que os que vivemos hoje sejam errados. Vai da cabeça e o momento de cada um. Tudo é uma questão da “vibe” que você esta.  Mas acredito sim que antigamente as relações duravam mais.

Muitas vezes não entendemos o porquê nossos rolos, ficadas e namoricos não dão certo com ninguém.

Achamos mil defeitos na pessoa, ou em nós mesmos... Esquecendo-nos de olhar em como a relação foi conduzida até não dar certo. O início é o alicerce de tudo.

Hoje com o facebook, você não pode receber uma mensagem e pensar para respondê-la. Não tem como você pensar para dar a resposta com conteúdo e sinceridade. Com esta ferramenta do “Visto em”, ou você responde logo que leu, ou pode sugerir milhares de dúvidas na cabeça de quem te enviou. Pois a pessoa visualiza que você leu aquilo, não respondeu na hora e logo interpreta que não quer mais se comunicar com ela.

Tem  coisa melhor do que pensar no que escrever para a outra pessoa? Às vezes isso leva dias, é normal... ou era. Prefiro receber uma resposta completa em mais dias, do que algo simples e seco na hora.

Fotos... as benditas fotos do facebook. Hoje elas parecem armas para atacar a outra pessoa que não esta com você. Uma maneira de mostrar que você esta super feliz, com seus super amigos, num lugar perfeito.

Desculpa, mas nem sempre é assim. As fotos não transmitem o que você sente em seu coração.
Quantas vezes você esteve ao lado de milhares de pessoas e se sentiu só? Ou sentiu que faltava algo, ou alguém? Mas as fotos estão ali para provar o contrário, ou mostrar aquilo que você quer mostrar.

Acredito que precisamos rever nossos valores. Deixar sentir saudade faz parte do jogo da conquista. Mas como deixar sentir falta? São tantos os meios de se comunicar. Eu mesmo fico conectado 24 horas no face pelo celular... mas isso não quer dizer que quero nestas 24 horas me relacionar “afetivamente” com alguém!

Por isso, levanto a bandeira do relacionamento com mais paciência, calma, com jogo de sedução, de saudade... e muita, mas muita conversa .

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