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Edson Carlos de Sena

Autor: Edson Carlos de Sena

Sentido de Vida

22/12/2019 - Jundiaí - SP

A Bemologia é uma ciência e uma religião que traz algo novo que possibilita ao homem: reencontrar-se, reformular-se, refazer-se. Poderíamos falar um pouco sobre o contexto atual em que vivemos, pois o homem de hoje busca uma resposta, um sentido de vida. Durante muito tempo, pessoas se dedicaram a discutir e a refletir sobre este tema, o do sentido de vida e, desse modo, construir conhecimentos e encontrar achados acerca do tema do sentido de vida. Poderíamos então perceber que há no ser humano essa inclinação voltada para o sentido de existência. O que é existir? Existir não é simplesmente ter um corpo. Para o ser humano existir não é saciar necessidades fisiológicas apenas. Para o ser humano existir é algo que vai muito além disso. O ser humano tem além das necessidades fisiológicas (naturais, biológicas) a necessidade, racional e afetiva, de ter um sentido de vida.

Sentido de vida não é qualquer coisa, mas também não é algo misterioso, algo muito grande e distante da razão humana. Cada pessoa deve buscar um sentido para sua vida, mas é importante compreender que sentido de vida, em sua abrangência mais ampla, é algo que deve ser sempre buscado, e o ser humano deve sempre se empenhar para encontrar o que se está sendo buscado, isso quando já vislumbrado. Na medida em que se vai reconhecendo o caminho para esse sentido de vida, as coisas ficam mais claras e objetivas.

Parece um pouco filosófico este assunto e de fato é filosófico, mas, aqui, não é filosofia tão abstrata como é feito por outros teóricos ao falar sobre sentido de vida. Sentido de vida é algo bastante claro para quem o encontra, porém pode ser bastante confuso para quem ainda o busca. Poderíamos, também, falarmos em sentidos de vida, no plural, pois uma pessoa pode ter mais de um sentido de vida.

Mudando um pouco a rota de nossos pensamentos, podemos nos fazer esta pergunta: mas sempre existirá um sentido de vida? Parece-me ser algo bastante interessante de ser discutido. Podemos falar muitas coisas sobre sentido de vida. Acredito ser também importante falarmos sobre configuração de vida. Configurar significa dar uma forma à semelhança de algo. Quando falamos sobre que os seres humanos estão configurando-se a animais, estamos dizendo que nós, seres humanos, podemos estar agindo, hoje, como os animais agem, desse modo, dissemos que estamos agindo irracionalmente. Poderíamos, assim, compreender que configurar, no bom sentindo, ou seja, configura-se a algo bom, é uma coisa importante dentro do desenvolvimento do ser humano.

Vejamos um exemplo: quando você quer configurar o seu computador, você quer ajeitar seu computador de maneira que ele lhe possibilite recursos para resolver suas necessidades. Configurar a vida, ou seja, dar-lhe um sentido é algo bastante profundo e bastante complexo, mas, ao mesmo tempo, pode ser simples, isso se a pessoa viver em um processo contínuo de autoconhecimento. Para uma pessoa que não vivi esse processo constante de autoconhecimento será um pouco mais difícil encontrar o sentido ou os sentidos de vida, pois o autoconhecimento possibilita este achado, o do sentido de vida.

A Bemologia apresenta a Psicanálise como um dos seus instrumentos, assim como a Filosofia, as Histórias das Religiões e as Leis. A Psicanálise, de modo acentuado, pode nos proporcionar nosso autoconhecimento.

Então, o que é se autoconhecer? O que é ter uma visão aprofundada de si próprio? O autoconhecimento, enquanto uma prática intencional, não é uma coisa nova, mas, muitas vezes, também não é uma coisa bem esclarecida, já que o autoconhecimento é algo que não se tem fim, apenas se tem começo, pois é algo que teremos que desenvolver até o final de nossas vidas.

O autoconhecimento, por ser algo constante, desenrola-se durante todo o percurso da vida das pessoas que o buscam. Autoconhecer-se é uma necessidade humana, para um sadio desenvolvimento pessoal. Quando uma pessoa se autoconhece, ela pode estabelecer metas para si. Pode também fazer um diagnóstico sobre si mesma. Entenda que isso somente será possível quando o indivíduo se autoconhece, no sentido de alguém que está no processo de autoconhecimento, pois não existe o estágio final para o autoconhecimento.

Como já fora dito anteriormente, esse processo de autoconhecimento é, de modo qualitativo, possibilitado, dentro da visão da Bemologia, através da Psicanálise.
A Psicanálise é um método ou uma ciência que estuda a mente humana, que a investiga com o propósito de proporcionar qualidade de vida para os indivíduos que se submetem ao seu método de análise e tratamento, mas a Psicanálise é um conhecimento (um método ou uma ciência) que ao longo de sua história tem tido várias ramificações divergentes e complementares. Suas divergências e complementações não se caracteriza como algo negativo, mas pelo contrário é algo muito positivo, pois demonstra a complexidade de seus objetivos, pois trata do ser mais complexo: o ser humano.

Dos tempos de Freud até os dias de hoje, podemos compreender que a Psicanálise tem grandes subdivisões, ou seja, novas linhas teóricas, como já fora colocado, pois os psicanalistas se dividem em pesquisas diversas e trazem grandes achados e direções de caminhos para o desenvolvimento do ser humano.

O autoconhecimento é um dos temas ou um dos assuntos que mais está envolvido nas pesquisas psicanalíticas, isso de modo direto e indireto. Na maioria das pesquisas da Psicanálise é tratada a questão do autoconhecimento. Poderíamos, assim, dizer que a Psicanálise possibilita ao ser humano se autoconhecer de modo qualitativo, como fora dito anteriormente.

Diante daquilo que nós estamos discutindo sobre autoconhecimento ligado ao conhecimento psicanalítico, podemos também traçar uma linha para a dimensão filosófica do ser humano, já que também a Psicanálise tem sua dimensão filosófica enquanto busca reflexões sobre a vida humana. Dentro dessa dimensão filosófica ligada à Psicanálise podemos então mergulhar ainda mais no que nós chamamos de autoconhecimento. Autoconhecer-se, dentro da visão psicanalítica e também ligada a visão filosófica, é uma possibilidade do ser humano se desenvolver de modo mais seguro. Poderíamos falar também de autoconhecimento e história das regiões, pois as histórias das religiões fazem parte da cultura humana e ao falarmos sobre as histórias das religiões muitas coisas poderiam ser reportadas ao autoconhecimento, tendo em vista que muitas religiões têm o viés de autoconhecimento, muitas vezes deturpado e muitas vezes coerente. Isso também faz parte, como uma das dimensões da Bemologia, investigar e analisar a dimensão do autoconhecimento, no campo do indivíduo (singular) e dos indivíduos (enquanto grupos), dentro das histórias das religiões.

Poderíamos também puxar uma seta em direção ao estudo das Leis, porque as Leis também demonstram aquilo que o homem conquistou e aquilo que o homem enxergou como sendo legítimo para a vida humana. Em contra partida, as Leis também demonstram aquilo que vai de encontro ao que o homem acredita ser positivo para vida humana. Então dentro dessa visão ampla que nós estamos tendo sobre autoconhecimento, vamos retornar ao tema principal que é sentido de vida. O sentido de vida do ser humano, enquanto ser único (indivíduo) é algo que é conquistado através do autoconhecimento. O sentido de vida, como já fora dito anteriormente, já foi estudado diretamente e indiretamente por vários teóricos e filósofos, mas dentro da visão da Bemologia é importante o estudo sobre o sentido de vida na dimensão pessoal, de um indivíduo, pois é quando um indivíduo percebe-se com um sentido de vida que este tem um caminho mais certeiro, mais consistente, que possibilita ter uma postura mais consistente diante da vida, porque sua existência será firmada no seu ou nos seus sentidos de vida.
Podemos ainda falar, relacionando ao assunto do sentido de vida, sobre cultura, porque cultura, de forma mais ampla, é, também, uma forma, ou formas, de visão ,ou visões, que é passada sobre as coisas e sobre o próprio homem, pois o homem é fruto da cultura.

Ligado à cultura há algo que eu gostaria de dar ênfase, falo do conhecimento. Temos uma variedade, um grande leque, melhor dizendo, de conhecimentos disponíveis hoje para nós, contemporâneos deste século da informação e do conhecimento que possibilita várias linhas de pensamentos que podem nos ajudar a desenvolver nosso sentido de vida.

Aí você pode perguntar: mas a Bemologia já não está propondo esses conhecimentos? Sim. Mas falo, agora, de conhecimentos em textos escritos por filósofos e por escritores teóricos que podem nortear as nossas vidas dentro do campo filosófico e, assim por diante, é importante ter direcionamentos, pois não podemos fazer apenas recortes. Os recortes são positivos quando nós nos dedicamos ao estudo de algo, tendo já subsídios que fortaleçam o desenvolvimento do nosso pensamento. Quando não existe ainda um conhecimento anterior sobre um terminado tema, fazer recortes torna-se algo perigoso.

Então, para as pessoas que querem se desenvolver no conhecimento sobre sentido de vida, é necessário buscar dedicar-se a aprofundar-se em teóricos e filósofos que também discutam sobre os temas: Sentido de Vida, Autoconhecimento e coisas correlatas.

Podemos compreender, assim, o quão vasto pode ser nossa pesquisa sobre sentido de vida, mas isso poderia se transformar numa coisa tão complexa a ponto de ficarmos perdidos no momento presente. E para evitar este "estar" perdido é necessário sermos simples e ter uma visão positiva sobre a vida, tornando a vida algo de grande valor.

Essa visão é a pedra sobre qual nós vamos erguer o edifício de nossa reflexão.
Temos algo que é suficientemente importante e imensuravelmente valioso: que é a própria vida. A vida, em si, é sentido de vida, mas isso é um ponto de partida, uma segurança, mas a vida precisa ser alimentada com o que nós podemos chamar de segundo sentido de vida ou primeiro sentido de vida, pensando este como algo que está sobre o alicerce, pois o alicerce é a própria vida.

Então, qual ou quais sentidos de vida podem determinar a vida dos seres humanos? Poderão ser muitos, podemos falar sobre alguns, como, depois da vida do próprio indivíduo: a vida de uma pessoa querida da família, uma pessoa em que o indivíduo queira se dedicar a essa pessoa,  entre outras várias coisas tidas como algo de grande importância para um indivíduo, podem ser um sentido de vida. Mas também pode se configurar como um sentido de vida as causas sociais, como as dos necessitados que precisam de ajuda e muitas outras coisas semelhantes ou diferentes, como o cuidar da natureza.

O sentido de vida é algo que se deve buscar. Você tem que se encontrar com algo que você possa dizer: isso é substancialmente potente para me motivar a viver até o resto da minha vida ou até um longo tempo na minha vida. Então, aí se configura, de forma mais precisa, o sentido de vida.

Há que se ter cuidado com teóricos que falam sobre sentido de vida ou sentidos de vida como coisas bastantes imprecisas, e eu diria que até muito perigosas, como: “o sofrimento é um sentido de vida.” Eu acho isso bastante perigoso, colocar o sofrimento como um sentido de vida. Por que é bastante perigoso identificar o sofrimento como sentido de vida? Porque o sofrimento não deve ser, de hipótese alguma, o sentido de vida de nenhuma pessoa, pois sofrimento é uma condição involuntária, é uma questão de vulnerabilidade e que todos estão à mercê disso, mas não deve ser ressaltado como algo que deva ter centralidade na vida de uma pessoa, isso seria masoquismo.


Por: Edson Carlos de Sena - Primeiro Bemólogo
 
Referência: http://bemologia.blogspot.com/
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